Alguma vez você já teve dúvidas e se questionou se a chuvas impactam de alguma forma a geração de energia eólica?
A chuva por si só não afeta a geração eólica, o que afeta é a ausência de vento que normalmente está associada à chegada das chuvas, especialmente no nordeste do Brasil, região onde se encontra a maioria dos parques eólicos instalados no país.
Fenômenos climáticos são complexos, pois envolve variáveis que não dependem apenas do conhecimento humano para prever e contê-las. Contudo, o componente mais marcante para esse acontecimento diz respeito ao deslocamento da zona de convergência intertropical (ZCIT). Esse é um dos mais importantes sistemas meteorológicos que atua nos trópicos, integra a circulação geral da atmosfera e é a principal fonte de precipitação nos trópicos.
A ZCIT transfere calor e umidade dos níveis inferiores da atmosfera para os superiores da troposfera e para médias e altas latitudes. Esse processo compromete a velocidade dos ventos alísios. Sua posição varia durante o ano, porém é mais ao sul (ficando acima dos estados do nordeste brasileiro), geralmente durante os meses de fevereiro e março, e se desloca para o hemisfério norte durante os meses de agosto e setembro. Assim, coincide com os períodos de menor e maior vento, e maior e menor precipitação na região nordeste do Brasil.
Essa mesma correlação entre chuva e vento não é tão evidente na região Sul do Brasil, que também possui sazonalidade no perfil eólico de ventos, mas apresenta diferentes fatores e envolve sistemas climatológicos.
Quando há muitas chuvas e, como dito anteriormente, há ausência de ventos, a geração de energia eólica fica comprometida. Porém, a situação pode ser contornada com planejamento e sem afetar o fornecimento. Pode-se aproveitar esse período para programar manutenções preventivas e melhorias no parque. Já pelo ponto de vista de um empreendedor, ou ainda do sistema elétrico, que visa a produção contínua de energia, pode-se optar, por exemplo, em investir em fontes de energia que sejam complementares, como a geração hidráulica, justamente pela correlação negativa entre os fenômenos de vento e chuva. Essa é uma manobra realizada pela Tradener, que investe em parques eólicos, mas também em PCHs, para que a produção de energia seja contínua durante todo o ano.
Energia eólica onshore e offshore, qual sofre mais influência das chuvas?
A geração da energia eólica onshore e offshore difere uma da outra em relação ao local onde o parque gerador estiver instalado. Quando é em terra, é denominada eólica onshore; em alto mar, é offshore. O Brasil ainda está regulamentando a instalação de parques offshore, porém no mar do norte da Europa já são realidade. Ambas tecnologias serão afetadas pela diminuição da velocidade de vento, e fatores como a relação entre a área de varredura do rotor pela potência do gerador, entre outros, influenciam mais do que o sentido do eixo de rotação de cada tecnologia.
Texto elaborado com o suporte do colaborador Gabriel Santos da Área de Novos Negócios.
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